sábado, 26 de agosto de 2017

O menor no Reino


Quem você é? ou, Quem é você?

Para vivermos em sociedade precisamos de uma identidade que nos define como indivíduo em um grupo, uma filiação que explica nossa origem. A partir disso começamos a estabelecer uma definição de quem somos individualmente no todo.
Sem uma identidade é quase impossível estabelecer um relacionamento mútuo e identificar características similares e comuns que nos define como uma comunidade, uma nação, um povo.
No Reino de Deus precisamos saber quem somos, conhecer a nossa identidade para então estabelecer um verdadeiro relacionamento com Deus e seu Reino Eterno. Conhecer a nossa origem espiritual e estabelecer essa identidade é o princípio para reconhecermos que fazemos parte do Reino dos Céus.

Quem foi João Batista?  (Lucas 1: 5 a 25)

Filho do Sacerdote Zacarias e Isabel, de linhagem de Arão, de família nobre, de linhagem sacerdotal, de uma família de crentes (seus pais eram retos e irrepreensíveis). Ele foi fruto de resposta de oração, desejado e almejado pelos seus pais a muito tempo por causa da esterilidade de Isabel, ele foi um verdadeiro milagre. Filho único de uma boa família e extremamente amado, com toda certeza foi criado com os melhores privilégios da época. Pela sua linhagem e provável que tenha estudado numa boa escola Sacerdotal para exercer futuramente sua vocação com Sacerdote e recebeu o Dom profético ( V.17 - poder de Elias) desde o nascimento, cheio do Espírito Santo (V.15) tinha o dom da Sabedoria. Eu poderia dizer que era o filho que todo pai deseja, o Xodó da família.
Todos ao redor da família, parentes e amigos ficaram impressionados com o quanto João era especial, toda a região comentou sobre o seu nascimento, tudo em torno dele era tão significante que a notícia correu por toda aquela região e todos se perguntavam: O que Virá a ser este menino? Pois a Boa mão do Senhor estava sobre Ele (V 66). Toda as circunstâncias em torno do nascimento de João e a sua realidade familiar apontavam para um futuro muito promissor e na verdade todos estabeleceram suas expectativas nisso.

Em I Sm. 16:7 Deus adverte o profeta quanto ele avista o belo soldado Eliabe e diz: Deus não vê como o homem vê, o homem enxerga a aparência mas Deus vê o coração.
Vivemos a era das aparências aquilo que é bonito, bem concebido, perfeito segundo os padrões estabelecidos, então julgamos que isto é ser bem sucedido. Olhamos para um ministério grande, com boa estrutura, auditórios cheios e estabelecemos o padrão de que isso sim e ser uma Igreja abençoada. Boa família, boa casa, bons carros, boas roupas e definimos isso como o estereótipo do ser próspero. Não estou dizendo que isto não seja bom, pelo contrário, que tudo isso seja o resultado de uma vida de propósito na Verdade e não apenas uma sedutora aparência.

A era das redes sociais onde sempre estamos bem, e felizes, e naturalmente acabamos por apresentar às pessoas exatamente aquilo que elas querem ver, porque o padrão estabelecido de sociedade hoje é que você precisa estar “de bem com a vida”, e que se você não estiver assim tem algo de errado, com você, porque o restante do mundo está muito bem. Por isso nos esforçamos por apresentar uma imagem exigida e nos moldamos a um sistema corrupto e religioso. E acredito que não era muito diferente nos dias de João Batista.

As circunstâncias que envolveram o nascimento de Jesus meses depois foram exatamente o oposto do que descrevemos a pouco. Jesus é concebido pelo Espírito Santo antes mesmo de Maria ter se casado com José, ainda virgem, imagine este fato diante da opinião pública, filho de carpinteiro, nasceu numa estrebaria por não ter hospedagem, fugitivo após o nascimento diante de uma sentença de morte.
Mesmo diante de quadros tão diferentes que envolve o nascimento de João e do Messias, ambos tinham algo incomum, vieram cheios do Espírito Santo de Deus.

Cheio do Espírito Santo

Não importa a sua situação familiar, não importa a sua condição sócio econômica, as oportunidades que você teve ou não, os tropeços, os erros ou acertos, o que vai estabelecer um destino na sua vida é você estar cheio do Espírito Santo de Deus. O que estabelece em nós um propósito é ser guiado pelo Espírito Santo.
Ser cheio do Espírito Santo, ao contrário do que se prega, nada tem a ver com algo aparente, mas com uma compreensão da identidade espiritual e filiação em Deus que nos dá convicção da nossa origem e destino.
Ser Cheio do Espírito Santo é não ser seduzido a uma vida de aparências mas sim viver e expressar a verdade. É não se moldar as regras estabelecidas pelo sistema mas ser renovado dia a dia pelos princípios do Reino no qual fazemos parte.
Romanos 12: 2 – Não vos adapteis às formas deste mundo...

"O Espírito Santo não nos
capacita a Fazer mas a Ser.
A graça capacitadora não nos
habilita naquilo que somos,
mas no que não somos"


João Batista sabia pelo Espírito Santo quem era e de onde era e não permitiu ser seduzido pelo sistema, pelas aparências, mas decidiu se consagrar, se separar para cumprir todos os propósitos que Deus estabeleceu sobre Ele. Deixou o conforto e regalias de uma boa família, talvez uma boa posição social para viver no deserto, vestir-se de peles e comer gafanhotos, tudo porque as boas condições a sua volta estavam recheadas de uma falsa religiosidade, porque não dizer até toda aquela geração.
A única maneira de cumprirmos os propósito de Deus é não nos moldarmos as formas deste mundo, não vivermos as aparências que este sistema estabelece, é decidirmos por romper essa estrutura de falsa religiosidade que se impregnou na Igreja e insiste em ter “aparência” de verdade. O apóstolo Paulo no texto de Romanos 12 que citamos a pouco nos diz: “não vos conformeis com este século”; este século e suas seduções estão dentro da Igreja, não diferente da era de João Batista. “Igrejas” (como se Cristo tivesse muitas) centradas em si mesmas, aparente prosperidade, glamour, competitiva eloquência nos púlpitos e uma clara competição ministerial atrás da aparências de Amor.

Ouvi muitos pregadores falarem a respeito do duro e agressivo discurso de João Batista, mas o que vejo é um homem cheio do Espírito Santo produzindo fruto do Espírito. Ele tinha todas as características para ser considerado um louco e desprezível, mas pelo contrário, as multidões iam até ele no deserto e se arrependiam diante da sua mensagem e eram batizadas. Apesar das suas escolhas nada convencionais ele expressavam amor, tinha carisma, transmitia paz e verdade de forma que atraia as pessoas ao arrependimento. Mas da mesma forma que Jesus ele era completamente intolerante com os Fariseus (Mt. 3:7). Jesus depois diz a mesma coisa se referindo aos fariseus em Mateus 23:33.

É isso que o apóstolo Paulo está combatendo no capítulo 12 de Romanos, um farisaísmo moderno, uma religiosidade disfarçada por um cristianismo de aparência que não produz frutos dignos de arrependimento. Ouço muito nos discursos sobre a necessidade de produzirmos frutos como sendo o resultado de trabalho, de ganhar almas; mas estendo que se a árvore não produzir frutos ninguém comerá dela (Mt. 7:19). Os frutos que de fato precisamos produzir são os frutos do Espírito Santo, frutos de Alegria, de paz, de amor, de paciência, de bondade, de fidelidade, de arrependimento. (Gl. 5:22 – Ef. 5:9 – Mt. 3:8).
O Espírito Santo não nos capacita a Fazer mas a Ser. A graça capacitadora não nos habilita naquilo que somos, mas no que não somos.

Quem é Você, ou o que você mostra ser?

Temos em nós a maior força do universo, que nos faz vencer sobre todas as circunstâncias, que nos faz andar às frente deste mundo e sua seduções, que nos faz realizar o sobrenatural pela fé, que nos torna influenciadores desta geração. Não precisamos nos condicionar as atrações deste tempo apresentando uma imagem agradável às pessoas, mas sim manifestar o que somos em Deus pelo Espírito Santo que habite em nós.
Não precisamos atrair as pessoas com um conceito agradáveis e uma imagem expressiva nos tornando na verdade fariseus, hipócritas, que não produzem fruto algum por estarem presos a um estereótipo criado. Muitas vezes conscientes da nossa identidade em Cristo e buscando uma vida de verdadeira adoração, acabamos por estabelecer um alto conceito superior sobre nós e somos envolvido pelo egoísmo pessoal que nada tem a ver como os frutos que devem ser o resultado de negar-se a si mesmo.
O que precisamos é manifestar a simplicidade e o caráter de Deus sendo Árvores plantadas junto a fonte de águas vivas cujas as folhas não caem, que produzem frutos e alimento para as nações. (Sl. 1:2)

Este é o tempo de se levantar uma Geração de João Batistas que não se deixam seduzir pelas aparências deste séculos mas se renovam segundo a sua identidade gerada pelo Espírito Santo de Deus. Uma geração que exala o Perfume de Cristo, o Amor sobrenatural e a Fé inabalável na verdade. O mundo está saturado de aparência, mesmo vivendo dela, as pessoas são atraídas pela verdade, não aquela se se prega mas aquela que é vivida.
Você recebeu por intermédio da Salvação em Jesus Cristo o Espírito Santo de Deus, portanto a participação da sua natureza, uma filiação que nos dá a identidade como cidadão do Reino de Deus.

Jesus cita em Lucas 7:28 que “entre os nascido de mulher ninguém é maior do que João, mas o menos no Reino de Deus é maior do que ele”.
Ele está dizendo que João se tornou maior entre todos os profetas porque nem um outro esteve tão próximo do Reino de Deus, mas nós que recebemos a identidade de cidadãos do Reino Celestial temos este Reino dentro de nós, e, mesmo o menor, é maior que João.

Você é um Cidadão dos Céus, pertencendo a uma cultura Celestial a um Reino Eterno.
Você é cheio do Espírito Santo, produza frutos segundo a sua linhagem.
Você não faz parte deste mundo nem deste sistema, não se deixe ser seduzido pelos enganos deste século, renove a sua forma de pensar, de agir, de viver.
A cultura deste Reino diz que aquele que quer ser o primeiro, sirva a todos.
A cultura deste Reino diz que aquele que perder a sua Vida por amor a Jesus, achá-la-á.
A cultura deste Reino diz que aquele que negar a si mesmo esse se torna digno deste Reino.
Portanto, Quem é você? Deixe esta aparência condicionada e assuma definitivamente a sua identidade como Cidadão Celestial.
Viva e Conquiste para a sua Pátria, para o Reino de Deus.

Pr. Láercio Heitor



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